Porque eu não sou um continuísta/expansionista

Continuísmo é cosmovisão teológica cristã acerca da continuidade dos chamados dons do Espírito Santo, visão essa mais comum entre cristãos pentecostais, carismáticos e neopentecostais. Continuístas creem que todos os dons do Espírito Santo, e que foram manifestos no período da Igreja Primitiva, continuam existindo e necessários à Igreja. 

Vicent Cheung nos diz que “o debate que foi estabelecido entre cessacionismo e continuísmo é um agravante, pois esta combinação desvia a atenção para longe da doutrina bíblica real sobre este tema de dons e poderes espirituais. Até mesmo a necessidade de entreter a discussão mostra que a igreja está tão distante do padrão bíblico que estamos totalmente ausentes do impulso do evangelho, sem a intenção de alcançá-lo.”

O Expansionismo é a doutrina de ampliar a base territorial de um país, normalmente por meio da agressão militar. Mais uma vez, Vincent Cheung explica a doutrina do expansionismo criado por ele: “Expansionismo é a doutrina explícita da Bíblia sobre o tema dos dons espirituais, dos poderes e dos milagres. Essa é a única perspectiva bíblica. Eu não estou consciente de qualquer reconhecimento oficial desta doutrina, então eu selecionei o termo para ela. O termo é usado às vezes em um sentido político, mas eu o utilizo em um sentido espiritual. Ele é aplicado a todos os aspectos do avanço do evangelho, mas neste contexto vamos nos concentrar nos poderes sobrenaturais e nos milagres que Deus opera em conjunto com seu povo. Esta é a doutrina bíblica de que os poderes sobrenaturais e os milagres devem aumentar entre o povo de Deus além do que Jesus Cristo exerceu. Eles devem se multiplicar exponencialmente em quantidade e frequência, em intensidade e magnitude, na diversidade de representação, e no âmbito da jurisdição. Deve haver um impulso acumulativo, de modo que, em comparação com Jesus e os apóstolos, e em comparação com cada geração anterior, a igreja deve demonstrar mais milagres, maiores milagres, milagres realizados por mais tipos de pessoas e milagres realizados em mais áreas do mundo.”

Críticas ao expansionismo

Argumento 1. A tensão entre expansionismo e a finalidade do cânon.

P1. Se expansionismo é verdadeiro, então não temos razão para acreditar na finalidade do cânon.

P2. O expansionismo é verdadeiro.

C.Logo, não temos razão para acreditar na finalidade do cânon.

A finalidade do cânon geralmente está fundamentada na noção da cessação da revelação infalível. Os cessacionistas e os continuístas geralmente concordam nesse ponto. Eles divergem se os profetas N.T. e os apóstolos eram órgãos de revelação infalível. Os cessacionistas dizem que ambos eram órgãos revelação infalível, enquanto os continuístas restringem a revelação infalível apenas aos apóstolos, isto é, na visão deles os profetas N.T. traziam revelações falíveis. Na visão expansionista, os profetas e apóstolos são órgãos de revelação infalível. Além disso, defendem que ambos os dons não apenas continuam, mas se expande em poder, intensidade, magnitude, etc. Se o dom de profecia na sua menor magnitude  tinha como uma das funções produzir escrituras, então por qual motivo numa maior magnitude não deveríamos esperar isso? Então, qual motivo temos para acreditar na finalidade do cânon?

Argumento 2. A tensão entre o Sola Scriptura e a visão de uma continuidade da profecia infalível.

P1.Se as revelações infalíveis continuam, então a bíblia não é única regra infalível de fé e prática.

P2. As revelações infalíveis continuam.

C. Logo, a bíblia não é a única regra infalível de fé e prática.

O Sola Scriptura é a noção que as escrituras são a única regra infalível de fé e prática. Agora, se as profecias infalíveis continuam, então não temos apenas uma regra fé e prática, mas duas regras de fé, isto é, as Escrituras e as novas revelações infalíveis. Portanto,  não é possível acreditar na continuidade da revelação infalível e no Sola Scriptura.

Argumento 3. O problema da revelação infalível e a epistemologia Cheunguiana.

P1. Todo conhecimento público está restrito as escrituras e as deduções.

P2. A profecia extra bíblica é uma forma de conhecimento público.

C. Portanto, algum conhecimento público não está restrito as escrituras e as suas deduções.

Argumento 4. A continuidade da profecia infalível e o axioma central do racionalismo bíblico.

P1. Se há algum tipo de conhecimento público além das escrituras e a suas deduções, então o racionalismo bíblico é falso.

P2. Há profecia extra bíblica é um tipo de conhecimento público além das escrituras e as suas deduções.

C. Portanto, o racionalismo bíblico é falso.

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